Passei minha juventude me escondendo atrás de roupas largas e dando desculpas para fugir de viagens com amigos ou churrascos em casas com piscina. Não me via de biquíni ou até mesmo de maiô na frente daqueles que poderiam fazer qualquer tipo de julgamento sobre meu corpo. Principalmente se entre os convidados estivessem mulheres magras, claro. Minha autoestima era quase nula. E sabe qual foi o resultado disso? Uma coleção de arrependimentos quando olho para os anos que passaram e vejo quantos momentos incríveis deixei de viver por medo da opinião alheia. O que hoje avalio como uma grande besteira que fiz. Nossa autoestima precisa ser o reflexo do que acreditamos sobre nós e isso não pode ser construído pelo o que os outros determinam. 

A autoestima começa a ser construída ainda na infância, com o que ouvimos dos nossos pais sobre nós. Muitas vezes, na ânsia de educar, as opiniões ou críticas deles soam como verdades absolutas, e assim carregamos estas percepções para a vida adulta. Ainda crianças, recebemos críticas ainda mais cruéis dos amigos da escola. Quantas vezes ouvimos piadinhas sobre nossos cabelos, corpos, dentes, sardas ou altura. Na adolescência atribuímos todos os “foras” que levamos aos nossos “defeitos”. E com isso alimentamos uma opinião totalmente distorcida sobre nós mesmos a partir dos rótulos criados pelas outras pessoas. Aí fica fácil acreditar que somos feios, desinteressantes ou incapazes de algo.

E como mudamos isso? Como revertemos nossa autoimagem, nossa autoestima? O primeiro passo é parar de se comparar com os outros. Em época de redes sociais, onde os filtros dos aplicativos escondem as imperfeições e as fotos são estrategicamente escolhidas para enaltecer o belo, acreditamos que vivemos num mundo de perfeição. O que é uma grande mentira. A beleza padronizada, tipo de capa de revista, é rara, cabe a poucas pessoas. E está tudo bem com isso! Tanto que o mercado publicitário está cada vez mais em busca de modelos que representem seus consumidores, ou seja, pessoas reais, de padrões verdadeiros, que criem identidade com a marca. O que se busca é aproximá-la das pessoas. Está em alta ser “gente como a gente”, ser fora do “padrão”.

“Preta Gil comenta sobre o uso exagerado de edição em suas fotos”

O segundo passo é ouvir apenas a consciência. É entender de uma vez por todas que a opinião dos outros não interessa, mas o que eu penso sobre mim, sim! Mas para isso é preciso se conhecer, se admirar e se amar. Você já fez o exercício de se perceber além do que o espelho te mostra? Já viu toda a beleza que exala, seja pelos atributos físicos ou pelo sorriso largo, pelo olhar intenso, pela sensualidade do caminhar, pelo tom da voz, pelo perfume que espalha, pelo jeito charmoso como mexe nos cabelos? Perceba-se! Todos temos algo único, que nos torna diferentes e é isso que devemos explorar. Ter autoestima é valorizar tudo o que temos de mais autêntico e minimizar o que não nos agrada de tal forma que tornamos estes pontos irrelevantes. E pode acreditar, quando mudamos a nossa opinião sobre nós, o mundo nos enxerga de outra maneira.

Mulher negra sorrindo
“Sensualidade de um sorriso”
Colunista
Paty Cavallari